28 de jun. de 2011

A caldeira do inferno está acesa.

“O inferno não é um mau lugar para estar.” Este título de um rockaço da banda australiana AC/DC, traduzido ao pé da letra, parece ser o leitmotiv da lotação diária do Hell’s Pub, um espaço arquitetado para atender a uma súcia de neófitos e veteranos do rock and roll sequiosos por um lugar que abrigasse som da pesada, bebidas turbinadas, iguarias outras e gatas de todos os matizes, embalados pela máxima de Raulzito de que “o diabo é o pai do rock”.
         Surgido a partir de um pacto de sangue entre quatro amigos de fé - Eri Soares, João Aguiar, Samir Santos e Zé Dias - interessados em ver o circo do rock pegar fogo em Natal City, o Hell’s Pub atrai as atenções dos rockeiros que querem curtir porrada sonora no limite do insuportável, sempre de terça a sábado. Para isso, encontraram no “inferninho” de Candelária o ambiente ideal, a começar pela acústica da casa que proporciona um som de qualidade e sem a aporrinhação do poder público com seus decibelímetros e pela decoração temática a la Hard Rock Cafe.
No espaço interno, os átomos se desintegram liberando energia suficiente para aquecer terrivelmente o recinto. Não foram poucas as bandas que já sentiram a caldeira do Hell’s Pub ferver. De Jack Black a Os Grogs, de Mad Dogs a Revolver, de Sangue Blues a Camarones Orquestra Guitarrística, o couro come e sempre vai inflamar o rockeiro, digamos, mais contido. “É preciso arder para inflamar”, disse o poeta.
Acrescente-se a esse turbilhão sonoro, um acervo de seis mil CDs que esquentam a rapeize antes do início dos shows. Assim sendo, o Hell’s Pub vai firmando seu nome e inserindo a sua marca de qualidade entre as melhores casas de rock and roll da cidade.
Por outro lado, também aposta em outras sonoridades e propostas estéticas. Na quarta-feira, a tradicional blues Jam convida a uma viagem pelo gênero considerado precursor do rock. O jazz de viés regional do Trio Sucupira também provou no palco do pub porque madeira de lei cupim não rói. A dupla Talma & Gadelha desmistificou a máxima de que santo de casa não faz milagre, mesmo a casa sendo um ambiente infernal.
         Com os seus espaços - interno e externo - sempre abarrotados de gente interessada em música diferenciada, o Hell’s Pub tem escancarado as portas para os músicos de Natal mostrar o seu talento. A resposta é imediata. Aplausos e pedidos de bis atestam a excelência da programação que acerta em cheio ao selecionar as melhores bandas de rock – dentro de uma proposta estética pré-definida – para embalar a moçada nas noites quentes da capital. A caldeira do Hell’s Pub está acesa. Deixem-se queimar!
Paulo Jorge Dumaresq
Jornalista e rockeiro

2 comentários:

Marina Costa disse...

Parabéns, Paulo Jorge! Uma delícia de texto.
E parabéns a família Hell's que com muita coragem e veia rock ergueram um lugar que nos proporciona tantos momentos bons.

Paulo Jorge Dumaresq disse...

Obrigado, Marina.
Fiz o meu melhor para apresentar/homenagear o espaço que tem proporcionado tantos bons momentos aos natalenses e radicados que curtem rock'n roll.